Mantendo a Temperatura do Nosso Corpo

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Em 1997, o filme “Titanic” teve um grande sucesso de bilheteria. No momento em que o navio Titanic afundava nas profundezas do Oceano Atlântico, em meio à água gelada que penetrava até os ossos, o protagonista Jack conseguiu, com muito esforço, colocar Rose sobre os destroços do navio que flutuavam na água. Por fim, Jack afundou na água, completamente congelado. A cena da despedida final entre Jack e Rose comoveu muitas pessoas e ainda hoje é considerada uma das cenas mais memoráveis do filme.

O filme “Titanic” é baseado em uma história real. Em 10 de abril de 1912, o Titanic, que era o maior navio do mundo, partiu em sua viagem inaugural de Southampton, Inglaterra, para Nova York, Estados Unidos, transportando 2.200 passageiros. O Titanic, antes conhecido como o “navio inafundável”, não era nada mais do que um brinquedo diante do poder inesperado da natureza. Quatro dias depois, o navio colidiu com um iceberg e se partiu em dois pedaços, afundando no mar profundo.

Menos de duas horas após o naufrágio, o Carpathia recebeu uma transmissão de rádio e chegou ao local, mas, naquele momento, cerca de 1.500 passageiros, exceto aqueles nos botes salva-vidas, já haviam perdido suas vidas. Por que esse desastre aconteceu mesmo que a maioria dos passageiros estivesse usando coletes salva-vidas?

Mudanças rápidas na temperatura corporal coloca a vida em risco

Os seres humanos são homeotérmicos; são capazes de manter uma temperatura corporal relativamente constante, apesar de grandes mudanças no ambiente ao redor. A temperatura corporal humana normal é em torno de 36,5°C. Se a temperatura de alguém ficar mais alta ou mais baixa do que isso, sua vida estará em perigo. Muitas pessoas que não conseguiram entrar no bote salva-vidas, mas pularam na água, morreram porque a temperatura corporal caiu rapidamente no oceano frio.

Quando a temperatura interna do corpo1 de uma pessoa cai para 34°C, ela sofre de confusão mental e cai em sono profundo. Se cair para 30°C, seus batimentos cardíacos desaceleram e os músculos ficam rígidos. Abaixo de 28°C, seus batimentos cardíacos se tornam irregulares, podendo levar a uma parada cardíaca; ele perderá a consciência, pois sua pressão arterial cairá e morrerá. Por outro lado, quando a temperatura subir mais de 41°C, uma pessoa pode apresentar sintomas de convulsão. 43°C é considerada a temperatura mais alta que uma pessoa pode manter durante a vida.

1. A temperatura interna do corpo é a temperatura dos órgãos internos, incluindo o cérebro.

Dessa forma, as funções biológicas do nosso corpo declinam rapidamente quando a temperatura difere apenas alguns graus da temperatura corporal normal. A razão está intimamente relacionada às reações químicas e ao metabolismo que ocorrem no corpo. O principal componente das enzimas e hormônios que promovem o metabolismo e regulam as funções do nosso corpo é a proteína. Portanto, à medida que a temperatura corporal aumenta, a taxa de reação aumenta e, quando ela sobe acima da temperatura corporal apropriada, a proteína se desnatura como a carne sendo cozida e perde sua função. À medida que a temperatura corporal cai, as taxas de reação de enzimas e hormônios diminuem significativamente.

Os esforços para manter a temperatura do corpo

A temperatura em que enzimas e hormônios funcionam melhor é em torno de 37°C, e eles são facilmente influenciados por uma leve mudança de temperatura. Nosso corpo se esforça constantemente para manter a temperatura adequada para seu funcionamento adequado. A temperatura corporal é controlada, esteja calor ou frio. A parte do nosso cérebro que regula a temperatura corporal é o hipotálamo, no diencéfalo.

Primeiro, vamos analisar as mudanças que ocorrem no corpo humano quando a temperatura ambiente cai, como no inverno. Quando a temperatura ambiente é menor que a temperatura corporal, o calor é liberado e a temperatura corporal diminui. O hipotálamo, que recebe um sinal por meio dos nervos sensoriais de que a temperatura caiu, emite um comando para cada parte do corpo para evitar que o calor escape o máximo possível. Os nervos simpáticos contraem os capilares da pele, reduzindo o fluxo sanguíneo, e os músculos eretores do pelo2 se contraem, fazendo com que os pelos fiquem em pé e causando arrepios. Os poros encolhem e a secreção de suor é significativamente reduzida.

2. Músculo eretor do pelo: Músculo localizado dentro da pele e preso à raiz do pelo.

O hipotálamo envia sinais aos músculos para produzir calor. Ele aumenta a tensão muscular através dos nervos motores e faz o corpo tremer, independentemente da vontade. É por isso que os dentes batem quando estamos com frio. Às vezes, trememos ao urinar para compensar a perda de calor. Os nervos sensoriais também atuam no cérebro, fazendo com que a pessoa use mais roupas ou se mova intencionalmente para controlar a temperatura corporal. O cérebro faz o corpo se encolher para reduzir a área da superfície corporal e evitar a perda de calor. No caso de crianças que ainda não desenvolveram os movimentos, a liberação de epinefrina na medula adrenal aumenta, e alguns hormônios tireoidianos atuam aumentando o calor do corpo, acelerando o metabolismo.

Por outro lado, em climas quentes como o verão, acontece o oposto, e o corpo muda na direção de liberar muito calor para o exterior e suprimir a produção de calor dentro do corpo para que a temperatura corporal não aumente. Quando o hipotálamo reconhece que a temperatura aumentou, ele relaxa os capilares da pele por meio dos nervos simpáticos para maximizar a liberação de calor. Os poros dilatam e aumentam a produção de suor, o que ajuda a liberar calor do corpo. À medida que a umidade evapora, ela retira calor e o libera do corpo. Quando a umidade é alta, é mais difícil tolerar o calor porque é difícil liberar calor através do suor.

A importância da homeostase

O ambiente que nos cerca está sempre mudando. Mesmo se observarmos apenas a temperatura corporal, há muitos fatores que podem causar alterações. Ela é afetada por vários fatores, desde mudanças rápidas na temperatura ambiente até infecções. No entanto, a temperatura corporal é estritamente regulada por meio de vários mecanismos e cooperação entre vários órgãos sem que percebamos, de modo que ela não se desvie significativamente do valor médio. Nossas vidas podem ser mantidas porque não apenas a temperatura corporal, mas também o nível de açúcar no sangue, a frequência cardíaca e a pressão arterial estão sempre em um estado constante.

Às vezes, quando um sistema está desequilibrado, ele acaba afetando outras partes do corpo, impedindo-o de manter a homeostase. Quando nosso corpo perde a homeostase, dizemos que estamos doentes. Se houvesse apenas um método de controle de uma variável e ocorresse um problema no gerenciamento do mecanismo, poderíamos perder a vida imediatamente. Isso nos diz que o sistema do corpo é controlado de maneiras diversas e complicadas, de modo que, embora um sistema do corpo entre em colapso, ele pode produzir o mesmo resultado por outros métodos.

Felizmente, nossos corpos são bem organizados para manter uma temperatura corporal constante, seja ela fria ou quente. Mesmo na Antártida, onde as temperaturas caem abaixo de 40ºC, ou no deserto, onde as temperaturas sobem até 60ºC, o corpo mantém uma temperatura corporal adequada de 36,5ºC com apenas uma pequena ajuda das roupas. No breve momento em que sentimos frio e ajustamos nossas roupas e usamos leques sob o sol, inúmeras ações ocorrem em nosso corpo.

O brilhante senso de equilíbrio de um acrobata nos surpreende quando ele caminha passo a passo sobre uma corda. Nosso corpo mantém a homeostase como se estivesse andando na corda bamba. Mesmo sem perceber, nosso corpo, que sustenta a vida de maneiras cuidadosas e variadas, nos surpreende.